POEMAS DE AUTORIA


Ins ... piração, nova dose
(Pedro Henrique) 

Quando enfim te achei
a meada se perdera no infinito
deixou rastro incinerado
daquilo que fora dito


e corri léguas até a esquina
pra todos os lados te procurei
aqui, ali, onde tu estavas?
de sobressalto, desesperei


e sobre morros e desterros
e sob nuvens de jardins alados
o hunter aguça a sagacidade
para sorver o ser amuado


eu procurei, cai, sucumbi
por mais uma noite até outro dia
e descansei defronte ao caos
e desaguei em disritmia


onde tu estas pedaço inequívoco
que assaltou a sobriedade
por onde andas poema imundo
que jaz! partiu e deixou saudade






POR SER POETA
(Pedro Henrique) 

Minha poesia
Não é jovem nem velha
Não é macho nem fêmea
Minha poesia é só poesia
Não tem idade nem sexo.

Também não tem pernas nem braços
Mas caminha numa estrada
Que leva a muitos sentidos.
Não é feita de olhos,
boca ou dentes
Porque é bem mais que matéria:
SOU EU.





Eu queria ser poeta
(Pedro Henrique) 

Eu queria ser poeta.
Ser poeta para escrever sentimentos, angústias, felicidade.
Para as palavras sairem do pensamento naturalmente.
Porque ser poeta é bonito, é mágico.

Eu queria ser poeta.
Ser poeta para um dia todos se lembrem de mim.
Para sentirem minhas palavras.
Porque ser poeta alivia.

Eu queria ser poeta.
Ser poeta para ninguém saber quem sou.
Para ficarem na dúvida de minha existência.
Porque ser poeta é viver na imaginação.







PIVETE
(Pedro Henrique)

Defendo meu canto
Teu pranto
E o espanto ridículo de tantos

Por todos os lados
Os cantos
As partes

Parto e absorvo
O silêncio dos olhos
Das línguas
Das poesias cansadas!

Calço a dor
E percorrendo um chão abstrato
Descubro o universo em mim.

Sou mais um favelado
Na era do consumo
Sem estomago
Sem trapo
Sem teto.

Sou mais um pivete de rua
Sem escola
Sem infância
Sem futuro.

Marginalizado por um regime
Burguês e autoritário.

Sou mais um ser humano
Resíduos de uma espécie
Que tinha tudo pra dá certo








POEMA GUERRA 
(Pedro Henrique)

Sou mais um sobrevivente da era atômica
Munido de falsas razões, falsos princípios
Criados por homens falsos.
Sou mais uma vítima jogada num campo de batalha
Onde se morre e se mata “Por amor a pátria...”
Onde se extingue a própria raça
Pela soberba e ganância dos loucos ("líderes")

Uma raça já fatigada por repressões, deveres, normas
E se um dia volto pra casa - às vezes acontece
E deito sob a noite pálida
Estremeço ante os fantasmas que agora me habitam.
Fantasmas que alimento sem medo
Possivelmente voltarei à casa
Assustado, mutilado, corroído
Por uma guerra feia, fria
Tipicamente humana!





POEMA MARGINALIZAÇÃO 
(Pedro Henrique)

Observo a rua
Longa e marginalizada
Pela brutalidade dos homens
Pela “nóia” fútil e desmedida
Que despreza a humanidade
A sensibilidade
A simplicidade.

Arando a terra
Para uma miséria que nasce,
cresce, se expande...
Ataca por todos os lados
Derrubando e amassando
A massa,
O pão,
As flores.

A hipocrisia dos homens faz barulho
E todos fingem que não ouvem...
Será possível?






Arte poética
(Pedro Henrique)

Não quero morrer não quero
apodrecer no poema
que o cadáver de minhas tardes
não venha feder em tua manhã feliz
e o lume
que tua boca acenda acaso das palavras
- ainda que nascido da morte -
some-se aos outros fogos do dia
aos barulhos da casa e da avenida
no presente veloz
Nada que se pareça
a pássaro empalhado, múmia
de flor
dentro do livro
e o que da noite volte
volte em chamas
ou em chaga
vertiginosamente como o jasmim
que num lampejo só
ilumina a cidade inteira

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